segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Os contos de fadas estão de volta! Bem, mais ou menos.

Contos de fadas são usados para ensinar as crianças a usar a imaginação, a lidar com situações cotidianas, e  invariavelmente possuem uma lição de moral do tipo "obedeça seus pais", "não fale com estranhos" e outras mais, mas que sempre encerram um final feliz. Muitos foram levados às telas, principalmente pela Disney, como desenhos animados politicamente corretos, mas hoje a indústria do entretenimento os vem revisitando e dando nova roupagem. Aconteceu recentemente com o conto Chapeuzinho Vermelho no filme A Garota da Capa Vermelha, e em fase de finalização está o longa-metragem Snow White and The Huntsman, baseado no conto Branca de Neve e Os Sete Anões. Além do Cinema, agora é a vez da Televisão buscar nos contos de fadas a inspiração para seus programas. Duas novas séries estrearam nessa fall season que merecem uma atenção especial, principalmente do fã de séries assumido.



Once Upon a Time, dos mesmos roteiristas de LOST, é uma nova série da ABC, que conta a história de Emma (Jennifer Morrison, a Cameron em House), uma caçadora de recompensa que se muda para Storybrooke, uma cidadezinha do Maine depois que seu filho Henry, que ela deu para adoção 10 anos atrás, a encontra e diz que necessita de sua ajuda. Para Henry, a cidade é habitada apenas por personagens dos contos de fada que foram vítimas da maldição da Bruxa Má, e foram aprisionados no nosso mundo para não mais existirem finais felizes. Os personagens não estão cientes da maldição e apenas Emma, que conseguiu escapar da maldição ainda bebê, é quem pode ajudar a quebrá-la. Emma não acredita na teoria de Henry, mas decide ficar na cidade depois que conhece a prefeita da cidade, mãe adotiva de Henry, pois ela faz de tudo para expulsar Emma da cidade.

O show também mostra o que aconteceu no passado, no mundo dos contos de fadas, como alguns personagens se conheceram e como a Bruxa Má conseguiu lançar a maldição. Um dos personagens mais enigmáticos é Rumpelstiltskin, interpretado pelo talentoso Robert Carlyle, mais conhecido pelo seu papel em Ou Tudo ou Nada e também em Eragon. A série estreou no final de outubro e com apenas quatro episódios transmitidos já possui bons números de audiência, algo em torno de 11 milhões de telespectadores,  que o coloca como a série atual mais assistida pelos americanos nas noites de domingo. 



Outra série que explora o mundo dos contos de fada é Grimm, da NBC, dos mesmos produtores de Buffy, a caça-vampiros e Angel. Nick Burkhardt é um detetive da divisão de Homicídios de Portland que recebe a visita de sua tia, Marie, e descobre que é descendente de uma organização chamada Grimm, que tem a missão de caçar monstros. O show trabalha com a idéia de que os contos de fada são reais, na verdade, que foram baseados em fatos reais. O lobo mau da historinha da Chapeuzinho Vermelho, os ursos do conto Cachinhos Dourados e os Três Ursos, na verdade são monstros que mostram sua verdadeira face quando perdem o controle, mas só um Grimm consegue vê-los em sua forma. 



Nick, que não tem muito conhecimento sobre o assunto, busca ajuda nos livros de sua tia e onta com a ajuda de Eddie Monroe, um "lobo mau" convertido, como os Cullen da saga Crepúsculo. Monroe é interpretado por Silas Weir Mitchell, que ficou conhecido como Charles Hayworth, um dos fugitivos de Prison Break, que conseguia ver um padrão nas tatuagens de Scofield. A série é excelente,  e apesar  de ter uma audiência modesta, na casa dos 5 milhões de telespectadores, pode ter grandes chances de renovação, já que é uma audiência aceitável para séries que são transmitidas na sexta-feira, o pior dia de transmissão da grade americana. 

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Os Delírios de Consumo de Becky Bloom, um livro que toda mulher deveria ler.


Minha mãe tem uma espécie de brincadeira com os netos. Ela diz que os ama e pergunta se eles imaginam o tamanho do amor dela por eles. Invariavelmente o amor dela é do tamanho da lua ou do mar. Se me perguntassem o quanto eu gostei de Os Delírios de Consumo de Becky Bloom, minha resposta seria a mesma.

Rebecca Bloom é uma jornalista que trabalha numa revista de economia e finanças e que possui uma compulsão nada salutar por compras, por consequência não consegue controlar seu próprio orçamento. Com dívidas até o pescoço, ela usa várias desculpas esfarrapadas para evitar as cobranças. Becky é hilária, extremamente atrapalhada; a gente não consegue acreditar nas confusões em que ela se mete... É como se ela vivesse em um faz-de-conta constante, imaginando um futuro sempre positivo. Ela é otimista, com quase nenhuma dose de realismo, e isso a torna uma personagem adorável, para dizer o mínimo.

Que mulher não adoraria esquecer que existem consequências e sair comprando toda coisa linda que vê pela frente? Ainda mais se existir aquela palavrinha mágica em letras garrafais, “LIQUIDAÇÃO"? Uma bota, um sapato, uma saia, um vestido, uma camisa, um óculos de sol, maquiagem? Eu adoraria! Aí vem a realidade e me acerta como uma enxada na cara. Eu sempre devolvo peças nos caixas das lojas de departamento, assim que eu vejo o total. Becky Bloom simplesmente não tem esse botão de bom senso, não em relação a compras. É um vício, puro e simples.

Sophie Kinsella tem um estilo de escrever muito parecido com o de Helen Fielding, a autora de O Diário de Bridget Jones. As duas personagens são engraçadas e tem dois pretendentes, e eles sempre são interessantes, com bons empregos, inteligentes e com uma boa grana. Mas realmente, ninguém escreve sobre se apaixonar pelo empacotador do supermercado. Além disso, as personagens trabalham com a área de comunicação social, como jornalismo e relações públicas, que erroneamente são consideradas glamourosas.

As escritoras inglesas tem sido perfeitas em escrever sobre o universo feminino, sobre nossas neuras, sonhos, desejos e medos. E fazem isso de uma forma engraçada, permitindo que nos vejamos representadas em suas personagens carismáticas, seja como mãe, como no caso de Melancia, seja como uma gordinha, como em O Diário de Bridget Jones, ou como uma mulher apaixonada por roupas, maquiagem e calçados como no livro de Kinsella. 


A obra foi adaptada para o cinema e apesar de eu ser uma cinéfila assumida e confessa, fã de carteirinha da sétima arte, o filme não faz jus ao livro. É engraçado, mas não tanto quanto o livro. O relacionamento de Becky com o gerente de banco, Derek Smeath, é banalizado pelo filme e é justamente uma das coisas mais engraçadas do livro. O filme dá a entender que Becky conseguiu vencer a compulsão por compras, mas é algo que a personagem ainda combaterá nos livros da série. 

O filme também peca ao minimizar o relacionamento entre Rebecca e Luke Brandon, pois o rapaz é em grande parte responsável pelo amadurecimento da jornalista no livro. Quer dizer, amadurecimento em progresso, pois Becky ainda se meterá em enrascadas hilárias. Os Delírios de Consumo de Becky Bloom é chick-lit de primeira, que recomendo veementemente. É diversão garantida em todas as páginas. Em especial uma página toda escrita em finlandês.